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HISTÓRIA DE SANTIAGO E DO CAMINHO
Tiago (Maior) foi um dos 12 apóstolos de Jesus. Nasceu em Betsaida, às margens do Lago Tiberíades e era pescador, como seu irmão João, autor de um dos Evangelhos. Juntamente com outros dois irmãos, também pescadores, Pedro e André, foram dos primeiros a ser chamados por Cristo para que o seguissem, testemunhando suas palavras e ações.
Após a ressurreição de Jesus, os apóstolos, seguindo a orientação, que o Senhor lhes transmitiu na terceira aparição, saíram da Judéia para espalhar suas palavras pelo mundo: "(...) sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e a Samaria e até os confins da terra." (At 1,8)
Tiago, resolveu atender a essa determinação ao pé-da-letra e foi pregar o Evangelho no extremo oeste da Europa, na península Ibérica, região hoje conhecida como Galícia, parte do noroeste da Espanha. Tudo indica não ter sido muito bem-sucedido em sua missão de evangelização, conseguindo converter poucas pessoas ao Cristianismo. Após alguns anos de pregação, decidiu que era hora de voltar à Palestina a fim de contar o que tinha conseguido e trazer mais evangelizadores à Hispânia. O retorno foi bastante acidentado e, finalmente, aportou em Jafa seguindo para Jerusalém.
Naquela época, por volta do ano 44 d.C., os judeus eram governados por Herodes Agrippa, que levou a perseguição aos cristãos às últimas consequências. Logo após o retorno de Tiago à Jerusalém, foi preso e sentenciado à morte por decapitação. Cumprida a sentença, seus discípulos, Teodoro e Atanásio, conseguiram recolher o seu corpo, que foi embalsamado e transportado de volta à Hispânia. Em terras galegas, Tiago foi sepultado em um bosque conhecido como Libredón.
Quase oitocentos anos depois, por volta de 830 d.C., o eremita Pelayo, acreditou ter visto à noite muitas luzes, verdadeira chuva de estrelas, indicando um bosque ermo. Alertado, o Bispo Teodomiro, empreendeu viagem ao local, mandou limpar o bosque e encontrou uma tumba revestida de mármore. Por inscrições na mesma, concluiu ser o túmulo do apóstolo Tiago. A notícia foi rapidamente levada ao rei Alfonso II de Astúrias, que viajou desde a sede de seu reino em Oviedo, para conferir a descoberta. Confirmando o achado, mandou construir uma capela, tornando-se o primeiro peregrino oficial a visitar o local.
Esse evento marcou o nascimento de um dos mais importantes centros de peregrinação cristã: Santiago do Campo das Estrelas ou Santiago de Compostela (Campo das Estrelas = Campus Stellae = Compostela). A descoberta da tumba do apóstolo espalhou-se pela Europa e começaram a chegar devotos de todo o continente.
Nos primeiros tempos da peregrinação, o Caminho era percorrido por antigas calçadas romanas ao longo da costa cantábrica e passava por Oviedo, capital do reino, onde estava a catedral de São Salvador. Milhares de peregrinos iam todos os anos ao túmulo de Santiago e, para auxiliá-los, foram construídos hospitais, albergues, igrejas e assim foram surgindo novos povoados. Os reis de Navarra, Astúrias e Leon fomentavam a rota, construindo pontes e novos caminhos. Até mesmo Almanzor, muçulmano, militar e político andaluz, pertencente ao Califado de Córdoba, ficou surpreso pela intensa devoção a Santiago. Quando arrasou a cidade, no ano 997, respeitou o sepulcro do apóstolo, mas levou os sinos.
A partir do ano 1.000, pouco a pouco, a rota pela costa foi sendo abandonada. Os monarcas da região traçaram outros itinerários para ajudar a repovoar as terras reconquistadas dos árabes e também para transformar o Caminho em uma rota militar, comercial e de expansão do cristianismo. Para isto, aproveitaram as calçadas romanas que partiam da França, de Bordeaux, passando por Roncesvalles e Astorga. O Rei Alfonso VI e o bispo Diego Pelaez promoveram a construção de um templo digno da fama e grandeza do santo, e em 1.075 começaram as obras da catedral. Foi a época dourada do Caminho.
Em 1122 o papa Calixto II proclamou Ano Santo Compostelano todo aquele cujo dia 25 de julho, data de comemoração do Dia de Santiago, coincidisse com um domingo. E Alexandre II em 1179, pela bula Regis Aeterba, concedeu indulgência plenária a quem peregrinasse a Santiago em Ano Santo, recebesse os sacramentos da penitência e da comunhão e passasse pela "Puerta Santa da Catedral". Foi o século de máximo esplendor das peregrinações.
O próprio papa Calixto II promoveu a edição do Códex Calixtinus ou Códice Calixtinus ("Liber Sancti Jacobi") que foi redigido por vários autores no período de 1.130 a 1.160. Nos seus cinco livros são abordados: a liturgia, com sermões e cantos (I), os milagres de São Tiago (II), a evangelização e trasladação do corpo para a Hispânia(III), o relato da história de Carlos Magno e Rolando (IV), também conhecido como "Crônica do pseudo-Turpin" e no livro quinto (V), considerado o primeiro guia do Caminho de Santiago de Compostela ("Liber Peregrinationis"), atribuido a Aymeric Picaud e datado de 1139, são descritos os detalhes do caminho, suas versões, etapas, povoados e hospedarias. Em 1.170 foi criada a Ordem de Santiago, para proteger os peregrinos de assaltos por bandidos.
Após ter alcançado o auge nos séculos XI, XII e XIII, o Caminho de Santiago passou por um período de decadência. A Espanha converteu-se em um grande reino com o descobrimento da América, mas surgiu o protestantismo que dividiu o mundo católico. Pestes, guerras e fome contribuíram para o declínio das peregrinações. Santiago de Compostela ficou quase esquecida. Em 1588 o arcebispo de Santiago, Clemente, temendo que piratas ingleses, liderados por Francis Drake, roubassem as relíquias do santo, escondeu o sepulcro. As relíquias desapareceram e o Caminho ficou praticamente esquecido por trezentos anos. Em 1867 chegaram apenas quarenta peregrinos.
Finalmente, em 1878, com a realização de novas obras na catedral, foram reencontrados os restos mortais do apóstolo. O papa Leão XIII tentou revitalizar as peregrinações em 1884, difundindo o acontecimento na sua bula Deus Omnipotens, mas, mesmo assim, as peregrinações pouco aumentaram.